Revitalização de áreas urbanas Platinenses

Cidadãs utilizaram flores e material sustentável

Motivadas pela recuperação de espaços públicos, moradoras de dois Bairros platinenses implementam projetos de revitalização urbana e de conservação da natureza

Em Março de 2021, quando foram iniciadas as obras de pavimentação no Bairro Vista Alegre, em Santo Antônio da Platina, contemplando a famosa Rua Vieira de Leiria (foto), que leva esse nome em homenagem aos portugueses vindos de Leiria que chegaram ao Norte Pioneiro na década de 40, a cidadã platinense, Adriana Arantes Fonseca (foto), resolveu jardinar sozinha essa rua onde atualmente reside, confiante que a pavimentação seria concluída e, paralelo a isso, buscar outras melhorias para a região, pois encabeçou a obra desde o início.

Para tanto, a moradora apresentou um projeto particular à SANEPAR para que a concessionária autorizasse um plantio de flores dentro do Reservatório que está instalado na região, já que as plantas estariam mais protegidas naquele local e poderiam se apoioar no alambrado que cerca a área reservada e, futuramente, formar um “corredor de flores” por toda a rua, como Adriana definiu o objetivo de seu projeto particular.

De posse da autorização dada pela empresa, a platinense, com recursos próprios, inicou o plantio das mudas em Abril de 2021 e, durante toda a obra do asfalto, Adriana também se dedicou a essa causa ambiental e viu seu trabalho vingar e a paisagem do Bairro Vista Alegre se transformar.

“Plantei 31 mudas por toda a extensão da Rua Vieira de Leiria. Fiz as covas, as coroas, adubei, irriguei e cuidei sozinha o ano inteirinho para que nenhuma morresse. Quando plantei, elas não passavam de 40cm, eram praticamente galhos e hoje a maioria já está com 3 metros ou mais. Em um ano simplesmente viraram arbustos! Meu objetivo também foi tentar transformar uma rua sofrida e desprezada em um local agradável e colorido para todos da cidade, pois aqui é bastante movimentado e é a via de acesso ao Morro do Bim. A natureza é muito generosa quando atuamos em harmonia com ela”, disse Adriana, agradecida à gerência regional da SANEPAR pela autorização do plantio.

Animada com os resultados, também por sua iniciativa, foram plantadas árvores e executado um trabalho particular de pintura e retirada do lixo do único ponto de ônibus que fica na região e que serve para abrigar alunos e colaboradores de empresas que precisam tomar conduções.

“A parada de ônibus era um lixo só. Montanha de detritos e despejos irregulares. Até cachorro morto viam despejar nas imediações. Fora carcaças de móveis, restos de comida, latas, vidros, madeiras e roupas velhas. Aí pensei “se o futuro está na educação, como é possível os universitários platinenses ficarem aguardando o ônibus para irem às faculdades no meio da lixarada toda? Deu trabalho? Sim, muito, pois esses descartes aconteciam há décadas, mas se você quer que as coisas boas aconteçam, comece fazendo acontecer e olhe o mundo com amor, pois ele é nosso! Não jogar lixo nas ruas é respeitar a si mesmo, os outros e a cidade onde se vive e onde formamos nossa história”, enfatizou.

Do outro lado do município, outra iniciativa privada chama a atenção. A servidora pública municipal Márcia Cristina de Souza, residente do Bairro Monte das Oliveiras, decidiu como Adriana pôr fim às montanhas de lixo descartadas perto de sua residência e colocou a mão na massa.

Recolhendo pneus por toda a cidade, a moradora limpou a região e criou uma alameda de flores plantadas em vasos feitos do material reciclado obtido, comprou tintas e montou por conta própria um cenário colorido de chamar atenção de quem passa na antiga estrada da Platina, nas imediações da Rua Belmiro de Souza Coelho. “Era muito lixo aqui e há um ano e meio começamos, eu e minha família, a mudar aquela triste realidade. São mais de mil pneus pintados colocados em fila e outros trabalhos manuais em madeira para florir nosso Bairro Monte das Oliveiras”.

Estimulada pelos resultados, Márcia pretende estender o projeto para outros pontos da região e despertar a consciência ambiental entre os cidadãos da localidade.

“O mundo é o nosso quintal. Daí a necessidade de olharmos ao nosso redor e perceber o quanto precisamos nos dedicar aos cuidados por onde vivemos. Há um ano e meio atrás aqui era só lixo e hoje vivemos entre as borboletas, as flores e os beija-flores”.

Adriana não conhece Márcia. Márcia não conhece Adriana. Mas, ambas, platinenses, têm em comum o mesmo olhar de cuidado sobre os locais onde vivem.

Para as duas cidadãs, iniciativas ambientais populares de preservação e de plantio podem ajudar a garantir uma cidade mais limpa, mais segura e mais bonita para se viver.

“Se cada brasileiro produz, em média, 379,2 kg de lixo por ano, o que corresponde a mais de 1 kg por dia e a reciclagem no Brasil gira em torno de 3% dos resíduos secos e o percentual dela não passa de 5% de tudo que é gerado no país, podemos dizer que nem de longe reciclamos. Assim, ou adotamos uma postura ambiental efetiva e colaborativa ou vamos condenar esse mundo à devastação e a consequências incalculáveis para as atuais e para as futuras gerações. Ser conservacionista é um compromisso com o planeta”, reflete Adriana, que também realiza pesquisas acadêmicas em temas como água potável e escassez hídrica em nível PhD.

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