Deputados propõem título de cidadão benemérito a Sicupira (vídeos)

Maior artilheiro da história do Furacão tem hoje 77 anos 

Os deputados Ademar Traiano (PSDB), Luiz Cláudio Romanelli (PSB) e Alexandre Curi (PSB), os dois últimos torcedores do Furacão,  propuseram nesta segunda-feira (1) a entrega do título de cidadão benemérito do Paraná ao ex-jogador de futebol, Barcímio Sicupira Junior (fotos).

Maior artilheiro da história do Athletico Paranaense, Sicupira nasceu em 1944 na Lapa. Iniciou a carreira no Clube Atlético Ferroviário no final dos anos 1950. Em 1964 se transferiu para o Botafogo do Rio de Janeiro, onde jogou ao lado de craques como Nilton Santos, Gerson, Jairzinho e Garrincha.

Em 1968 foi contratado pelo Clube Atlético Paranaense, onde viveu seus melhores e mais emocionantes anos no futebol. Tornou-se ídolo da torcida tendo jogado por oito temporadas, conquistando o título estadual de 1970, após um jejum de 12 anos.

 

 

Artilheiro máximo do clube até hoje com 158 gols marcados com a camisa atleticana, transferiu-se em 1972 para o Corinthians, tendo jogado ao lado de Rivelino. Voltou ao Atlético e jogou até pendurar as chuteiras, em 1975, eternizando-se como “o craque da camisa número 8”.

Formado em Educação Física, foi professor universitário e da rede municipal de ensino público. É comentarista de rádio e televisão desde os fins dos anos 70.

Em 2020 teve sua biografia lançada no livro “Sicupira – A Vida e os Gols de um Craque Chamado Barcímio” de autoria do advogado e jornalista Sandro Moser, natural de União da Vitória.

O atleticano Barcímio Sicupira Júnior é um dos maiores jogadores da história do estado do Paraná. No próximo dia 10 de maio, completará 75 anos de idade.

Ainda jovem, saiu de sua terra natal para jogar no poderoso Botafogo dos anos 60. Chegou a General Severiano no ano de 1964 e foi comparado fisicamente ao jogador galã Heleno de Freitas. Jogou em um time que tinha Nilton Santos, Gerson, Didi, Garrincha, Jairzinho, Paulo Cézar Caju e Zagallo.

 

 

No Athletico, deu espetáculos com Djalma Santos, Bellini, Zequinha e Brito. Em 1972, foi emprestado ao Corinthians e por lá atuou ao lado de Rivellino, Zé Maria e Ado. Nenhum jogador paranaense jogou com tantos campeões mundiais em times brasileiros.

Rei das bicicletas

Em todas as suas estreias sempre fez gol. Chegou ao Furacão em 1968 para a disputa do Robertão, embrião dos campeonatos nacionais de futebol que viriam pela frente. Logo na sua estreia, um empate de 1 a 1 contra o São Paulo na Vila Capanema, Sicupira entrou no decorrer do jogo e empatou a partida. Não foi um gol qualquer e nem apenas um cartão de visita: foi um gol de bicicleta, mais um de bicicleta. Em toda a sua carreira, foram 8 gols de bicicleta, um recorde – para se ter uma ideia, o inventor da jogada, Leônidas da Silva, fez apenas 4.

No Robertão de 1968, primeiro campeonato de Sicupira com a camisa rubro-negra, atuou em tempo integral em três jogos (Cruzeiro, Náutico e Bahia) e entrou no decorrer de mais seis jogos (São Paulo, Fluminense, Botafogo, Internacional, Corinthians e Grêmio). Em 16 partidas do Athletico no campeonato, fez 4 gols da histórica campanha atleticana que assustou o Brasil.

Artilheiro absoluto

Sicupira é o maior artilheiro da história do Atlético com 156 gols. Foi artilheiro em dois Campeonatos Paranaenses, os de 1970, com 20 gols, e 1972, com 29 gols. Nenhum jogador atleticano bateu esta última marca em Estadual.

Atacantes que sucederam Sicupira e foram artilheiros dos respectivos campeonatos:

  • Vaquinha artilheiro em 1975 com 12 gols
  • Washington artilheiro em 1983 com 23 gols
  • Renaldo artilheiro em 1992 com 22 gols
  • Paulo Rink artilheiro em 1997 com 21 gols
  • Tuta artilheiro em 1998 com 19 gols
  • Kléber artilheiro em 2001 com 22 gols
  • Kléber artilheiro em 2002 com 9 gols
  • Alex Mineiro artilheiro em 2007 com 17 gols
  • Rafael Moura artilheiro em 2009 com 14 gols
  • Bruno Mineiro em 2010 com 11 gols
  • Ederson artilheiro em 2017 com 11 gols

Título da Raça

Sicupira foi campeão estadual em 1970. Foi sua única conquista com a camisa rubro-negra, mas brilhante. Após a euforia da chegada de jogadores de seleção, dos “equívocos do apito” e da ausência de Jofre Cabral, o ano de 1970 surgiu como um ano sem muitas expectativas, poucas contratações e muitas dividas administradas pelo então presidente Passerino Moura, que mesmo com problemas financeiros abriu mão de uma renda maior se jogasse fora da Baixada os Atletibas, decisão fundamental para a conquista do título.

                     Campeão de 1970 em Paranaguá

Com o talento de Sicupira, comandando a equipe auxiliado por jogadores históricos como Djalma Santos, Zico, Júlio, Nilson Borges e os pratas da casa Alfredo e Liminha, o Furacão conquistou um título pouco provável. Foi o “Tostão contra o Milhão”, o Título da Raça.

Sicupira ajudou a tirar o Athletico de uma espera que durava 12 anos e foi decisivo nos últimos jogos. Contra o União Bandeirante, foi o responsável pela virada faltando 15 minutos marcando dois gols no famoso goleiro Mão de Onça. Contra o Seleto, em Paranaguá, foi o maestro articulando os quatro gols da vitória.

1972, um time espetacular que não foi campeão

Em 1972, comandados pelo grande presidente Lauro Rego Barros, o Athletico formou um time fantástico: Picasso; Claudio Deodatto, Di, Alfredo e Júlio; Sergio Lopes, Valtinho e Sicupira; Buião, Ademir Rodrigues (Kelé) e Nilson Borges. Para muitos atleticanos, este foi o melhor time de todos os tempos.

A perda do título foi triste e dramática. Quebraram a perna de Ademir Rodrigues de maneira proposital num jogo em Ponta Grossa a mando de um dirigente do Coxa, que ofereceu uma recompensa à zaga do Operário. A notícia chegou minutos antes no vestiário, dando conta que o alvo da agressão seria Sicupira.

O técnico Alfredo Ramos recuou Sicupira e adiantou Ademir Rodrigues, para poupar o camisa 9. Mas Ademir foi covardemente agredido e obrigado a encerrar a sua carreira.

Líder e brincalhão

No cenário nacional, Sicupira disputou pelo Athletico os Robertões em 1968 e 1970 e os Campeonatos Brasileiros de 1973, 1974 e 1975.

No Robertão de 1970, o craque da 8 era um dos líderes do elenco que teve Djalma Santos estreando como técnico. Em uma viagem para Porto Alegre, Sicupira pediu ao centroavante Liminha que lhe pagasse o lanche no avião. Liminha esperou a cobrança e no final foi o estopim de uma grande risada dos veteranos: “Moça quanto eu devo?”. Mas antes, Sicupira havia rido de Júlio, que acreditou em Djalma Santos que disse que haviam espalhado areia na pista (que estava molhada) para o avião não derrapar pois podia ser perigoso.

Alegria dos cardiologistas

Contra o Bahia, que estava invicto, Sicupira recebeu a bola na frente aos 44 minutos do segundo tempo. Em posição de impedimento, o craque cabeceou e marcou. O juiz assinalou o impedimento e anulou o gol (naquela época, para alegria dos baianos, não havia VAR).

Mas a alegria durou pouco. O Bahia colocou a bola em jogo depois da infração marcada chutando a pelota em cima de Luís Antônio, que deu um toque para Sicupira, que chutou forte e marcou: Athletico 1 x 0 Bahia. O então diretor de futebol Lauro Rego Barros passou mal no vestiário e teve que ser levado às pressas para o hospital mais próximo da Baixada. Não por acaso, o artilheiro recebeu um apelido nesse campeonato: “Sicupira, a alegria dos cardiologistas”.

Em menos de um mês, Sicupira decidiu três jogos em cima da hora no fim do segundo tempo (América aos 47, Bahia aos 45 e Santa Cruz 49). Este time venceu o Santos com Pelé, Carlos Alberto e Clodoaldo em campo logo após o tricampeonato mundial no México.

Sicupira no Brasileirão

Em 1972, foi emprestado ao Corinthians e fez história com gols e tabelinhas ao lado de Rivellino.

Com a camisa do Athletico, fez uma campanha modesta e problemática em 1973. Foi praticamente a estreia do clube nos campeonatos brasileiros. Com graves problemas financeiros, sapos enterrados no Belfort Duarte, descaso da diretoria de futebol e muitos jogadores, o discurso de Sicupira era sempre o seguinte: “Olha, quando a gente entra em campo não quer saber o valor do bicho ou se existem outros problemas. Dentro do campo, a gente briga é pra ganhar o jogo”. Assim foi no Atletiba em que o Athletico saiu aplaudido de pé pela torcida após os milagres de Jairo.

No ano de 1974, uma grande campanha, nas primeiras partidas da fase inicial destaques para as vitórias contra o Internacional (1×0), Botafogo (3×1), Fluminense (3×0), Coritiba (1×0), Portuguesa (1×0), Bahia (1×0), Remo (2×0), Olaria (4×0), America RN (1X0), Sampaio Correia (1×0).

O Furacão ficou em sexto lugar na classificação da primeira etapa e foi para a segunda fase que era composta por quatro grupos de seis times. Neste regulamento só existiriam jogos de ida e apenas o primeiro colocado se classificaria para o quadrangular final. O grupo do Atlético era o “4”, formado por Atlético, Internacional, São Paulo, Portuguesa, Fluminense e Goiás. O time rubro-negro jogou apenas uma partida em casa no empate contra a Portuguesa (1×1), e jogando fora de casa fez a seguinte campanha: contra o Internacional (1×1), venceu o Fluminense no Maracanã (1×0), empatou com o São Paulo no Morumbi (0x0) e venceu o Goiás (2×1). Neste ano, Sicupira fez 10 gols, incluindo o do Atletiba em cima de Jairo.

Pendurando as chuteiras

No campeonato nacional de 1975, após uma reformulação no elenco e com Sicupira com problemas de contusões sendo substituído constantemente em muitos jogos, o Athletico ficou na repescagem não passando para a próxima fase. Fim de uma carreira linda de Sicupira, aos 31 anos.

Em uma época pouco comum para jogadores de futebol, Sicupira mostrava que estava à frente de seu tempo e já era graduado em Educação Física. Respeitou tanto a camisa do Athletico e sua torcida que nem sequer cogitou atuar por outro time profissional, mesmo tendo idade e condições físicas.

Voltou ao Athletico em 1978 como técnico para a campanha no nacional, mas permaneceu por pouco tempo no comando e foi substituído por Diede Lameiro. Nunca mais assumiu uma equipe profissional para ser treinador. Foi diretor de futebol no Colorado em 1979. Depois, tornou-se cronista esportivo e é sucesso nas rádios até os dias de hoje.

Além de ser o maior artilheiro da história do clube, Sicupira passou por muitas dificuldades numa época difícil e jamais se entregou. Que bom seria se os Deuses do Futebol deitassem o número 8 da camisa em suas costas e que este representasse o infinito para que Sicupira fosse eterno na Baixada, vestindo para sempre o manto sagrado rubro-negro que tanto honrou (Colaboração: Jefferson Gabardo).

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