Tomazina: Novas pistas contribuem para crescimento da Canoagem Slalom

Recursos através do fundo perdido do extinto Ministério do Esporte

Entre 2020 e 2021, os futuros canais semiartificiais nas cidades de Tomazina e Tibagi no Paraná e também em Mairiporã no estado de São Paulo darão mais um grande salto no desenvolvimento da modalidade

Grandes investimentos irão ajudar no desenvolvimento da Canoagem Slalom no Brasil em 2020 e 2021, graças a construção de novos canais para a prática da modalidade que impulsionarão no desenvolvimento esportivo para os atletas, as estruturas também fortalecerão as associações locais. Tomazina e Tibagi no Paraná além de Mairiporã no Estado de São Paulo.
Tibagi no Paraná é um município onde a Canoagem Slalom tem fatos marcantes, entre 2002 e 2006 abrigou a Equipe Nacional Permanente, em 2003 sediou uma etapa da Copa do Mundo. Com tanta história agora é a hora de construir o futuro, ele já está sendo desenhado com uma nova estrutura para a prática da Canoagem nas corredeiras, o canal vai ter 250 metros de comprimento e 4,30 metros de desnível. A técnica de construção será através de gabiões, umas caixas construídas com ferro armado e preenchidas com pedras, estrutura mais resistente para manter a pista fixa em caso de enchentes. O recurso da construção também veio do extinto Ministério do Esporte e também um aporte da Prefeitura Municipal.
“A obra já foi licitada empresa responsável depende de apenas uma liberação do IAP – Instituto Ambiental do Paraná que já está sendo providenciada pela prefeitura a previsão e de até seis meses partir do início”, comenta André Luis de Paula, técnico da ATICA – Associação Tibagiense de Canoagem.
A construção é um sonho para a escolinha mantida pela prefeitura municipal de Tibagi, o novo canal será muito importante para o desenvolvimento técnico não só dos atletas locais, mas de todo o Brasil. Estudos locais avaliam a viabilidade econômica através da prática do rafting para alavancar o turismo deste setor tradicional na região.
Há pouco mais de 130 quilômetros o pequeno município de Tomazina é um grande conhecido da Canoagem Brasileira, tradicional em sediar eventos esportivos como edições do Campeonato Brasileiro de Canoagem Slalom, contará com uma nova uma nova pista de 250 metros na margem esquerda do Rio das Cinzas. Assim como Tibagi, a estrutura será feita com “gabiões”.
“As obras deverão começar em breve, além do novo canal também está incluso a modernização do Parque das Correrias com hangar para guardar os equipamentos de canoagem, vestiários, escritório, nova lanchonete, quadras de esportes de areia iluminação e paisagismo, a obra tem uma previsão de 8 meses”, comenta João Emerson Kondo, vice-presidente da FEPACAN – Federação Paranaense de Canoagem.
Para o prefeito Flavio Zanrosso, de Tomazina, o investimento vai ser uma transformação para o município. “É uma obra de suma importância porque vamos ter uma estrutura para fomentar o turismo. Tomazina tem uma característica e tradição na Canoagem, vamos investir no esporte tirando as as crianças das ruas das drogas e buscando sim formar atletas olímpicos quem sabe, para levar o nome de Tomazina para o Brasil e para o mundo, é uma obra que envolve esporte, envolve turismo e será um marco para nós”, fala.
O local tem suas vantagens por ser próximo ao centro do município, o que beneficia na manutenção da escolinha de base e também por não necessitar de contratação para o transporte das crianças para realizarem os treinos diariamente, ajudando na diminuição dos custos de manutenção do projeto. “Sem duvidas um investimento desse porte no centro da cidade irá colaborar muito para massificação da modalidade no cenário nacional”, complementa.
Os recursos para as obras tanto em Tibagi quanto em Tomazina foram obtidos através do fundo perdido do extinto Ministério do Esporte, a articulação aconteceu por intermédio do ex-Deputado Federal João Arruda em 2018. Na época, Arruda visitou os municípios ao lado do ex-ministro Leandro Cruz Fróes da Silva acompanhado de autoridades locais e estaduais. Além do investimento do Governo Federal, também haverá contrapartida dos municípios.
Segundo Arruda as cidades têm uma característica natural por contemplar um rio no meio da cidade, na sua visão é uma oportunidade para os jovens praticarem esportes náuticos. “Daqui pra frente esse processo não ficará somente na prática espontânea, surgirão oportunidades para o desenvolvimento do alto rendimento, além disso vamos ajudar no potencial turístico dos dois municípios”, comenta.
Sem dúvidas um investimento desse porte no centro da cidade vai colaborar muito para massificação da modalidade no cenário nacional
Mairiporã deverá entrar em breve para esse seleto grupo de cidades com uma grande estrutura para a prática da Canoagem Slalom, a obra será no rio Juquery que corta no centro da cidade, com 300 metros, o novo canal será construído com recursos da Prefeitura Municipal, a limpeza nas margens já foi realizada, a previsão é iniciar as obras em 2021. O município conta com o “Projeto Navega São Paulo” que atende crianças, jovens e adultos na prática da Canoagem, Vela e Stand Up.
“A chegada do canal será de grande importância pelo fato de poder continuar o trabalho de forma mais profissional e principalmente contribuir para o desenvolvimento do turismo no Município”, fala Rodrigo Paraíso, coordenador do Projeto Navega São Paulo em Mairiporã.
A cidade da bicicleta também quer ser reconhecida também como a cidade da Canoagem, o prefeito de Mairiporã Antonio Shigueyuki Aiacyda acredita no potencial do novo canal para atrair muitos esportistas que passarão a frequentar mais a cidade. “Isso influencia diretamente na economia do município, além de engajar mais mairiporanenses na prática das modalidades náuticas.  Qualquer prática esportiva é benéfica. Eu sempre digo que esporte é saúde. E com a canoagem não é diferente. Movimenta o corpo. Além de ser ótimo para as crianças que aprendem uma modalidade diferente, que não é o de costume, ajuda muito na disciplina”, fala.
Para o supervisor da Canoagem Slalom, Denis Terezani, essas estruturas fomentarão uma série de atividades em corredeiras. “A construção de equipamentos polivalentes, com capacidade de ampliar o desenvolvimento das modalidades da Canoagem em corredeiras (Canoagem Slalom, Canoagem Descida, Canoagem Freestyle e o Rafting), assim como oferecer atividades eco-turísticas como o boia-cross, hidro speed, stand up e o Rafting de lazer e comercial se apresentam   como propostas para a continua utilização das novas pistas. Essas iniciativas favorecerão tanto as práticas esportivas e de lazer quanto o turismo e a economia dessas cidades”, comenta.
Construções de canais para o desenvolvimento da modalidade
A história da evolução da Canoagem Slalom no Brasil sempre foi estimulada através de bons investimentos em estruturas físicas para treino, em 1997 o País ganhou em Três Coroas no Rio Grande do Sul o canal semiartificial no Parque Laranjeiras no leito do rio Paranhana onde aconteceu o Mundial de Canoagem Slalom, um marco importante pois foi o primeiro evento mundial no Brasil. De legado ficou para a ASTECA – Associação Três Coroense de Canoagem uma estrutura para a formação de vários atletas que representaram o Brasil internacionalmente inclusive em Jogos Olímpicos como Gustavo e Leonardo Selbach e também Cassio Ramon Petry.
Dez anos depois em 2007, mais uma estrutura com grande imponência no Brasil, o Canal Itaipu em Foz do Iguaçu no Paraná, inaugurado com a realização do Campeonato Mundial de Canoagem Slalom e a classificatória mundial para os Jogos Olímpicos Pequim 2008. Em 2015 o local também sediou o Mundial de Canoagem Slalom Júnior & Sub-23. De legado esportivo ficou a parceria com a Usina Hidrelétrica de Itaipu que mantém na cidade a maior escola da modalidade no País, o Instituto Meninos do Lago com 600 crianças através de um projeto social. A iniciativa rendeu frutos através dos talentos que surgiram como o atleta olímpico Felipe Borges e abrigou Ana Sátila, além dos atletas pan-americanos Fábio Schena, Marina Souza e Omira Estácia.
Já os Jogos Olímpicos Rio 2016 escreveram uma nova história para a Canoagem Slalom com o legado do canal artificial do Parque Radical de Deodoro, um dos melhores do mundo, que sediou o Mundial em 2018 com Ana Sátila no ponto mais alto do pódio pelo Canoagem Slalom Extremo. Atualmente o local é utilizado pela Equipe Nacional Permanente que se prepara para os Jogos Olímpicos Tóquio 2020, também está sendo planejado um projeto social nos moldes do que é realizado em Foz do Iguaçu no Paraná.
“A construção de um canal artificial ou semi-artificial é um passo importante para o desenvolvimento da Canoagem Slalom, a história mostra pra gente isso, por isso estamos trabalhando junto com esses municípios para tirar do papel esses projetos, daqui há dois, cinco ou dez anos vamos contar essa história que transformou a modalidade no País”, assinala João Tomasini Schwertner, presidente da Confederação Brasileira de Canoagem.
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